quinta-feira, 27 de maio de 2010

O destino de Sherazade.

1001 Noites são 2 anos e 231 dias. Ou seja, se Sherazade começou a contar sua história no primeiro dia do primeiro ano, o sultão mandaria matá-la dali a três anos, perto do final do terceiro ano, dia 19 de agosto.

Se fudeu.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Kafkiano.

Há um pequeno Kafka aqui em casa. A Sentença, reunião de dez contos, em formato de bolso. Coleção Calouro. Edição velha e amassada. Estranha. Tem coisas estranhas. Como o texto na parte de trás:

Os textos em português não são simples traduções. Grandes escritores brasileiros foram contratados para recontar em seu estilo próprio e português corrente a história original.

E mais na nota introdutória:

A COLEÇÃO CALOURO, prosseguindo no seu alto e patriótico programa de difusão cultural, já enriqueceu o seu acervo com o texto integral de duas obras prodigiosas de Franz Kafka - O Processo e A Metamorfose.

E também na primeira página, logo que se abre o livro, no cantinho:

"A Sentença" foi selecionado para a Coleção Calouro porque:

  • Kafka é um autor que a juventude brasileira não pode desconhecer, tal a sua importância em toda a literatura atual.
  • Suas adaptações para o teatro e cinema contribuíram para que a obra se tornasse ainda mais difundida.
E não há índice. Sei que são dez os contos porque os contei e, depois, enumerei na contracapa suas páginas correspondentes:

01. A Sentença - 09
02. Um Médico da Roça - 27
03. Na Torrinha - 37
04. Onze Filhos - 39
05. Informação para uma Academia - 47
06. Na Colônia Penal - 63
07. O Artista da Fome - 105
08. O Artista do Trapézio - 121
09. A Mulherzinha - 125
10. Josefina, A Cantora ou A Cidade dos Ratos - 137

E dentro do livro materializa-se um desenho pontilhado do rosto de Kafka, sorrindo e olhando de soslaio. Estranho, muito estranho.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

10 anos.

Hoje joguei fora 10 anos de papel, e estou me sentindo ótimo.

Destranquei os comentários.

Notei que os comentários estavam trancados. Destranquei-os.

The Golden Age.

Havia um site, há muito tempo, que fornecia ferramentas virtuais para criar desenhos de seus próprios heróis. Infelizmente perdi o link, mas os desenhos que fiz se salvaram. Não só eles, mas seus nomes dos heróis também. Aqui vão os que fiz.

Logan J. Kaine. Negro, careca, barbicha branca, sobretudo azul e uma katana na mão.

Gladiadora. Negra, vestes espartanas, um escudo e um tridente.

Alisson Jones. Branca, cabelo azul muito curto, arco, flechas, algo na mão que parece um farol em miniatura. Spandex negro e dourado.

Charles Gunn III. Asiático. O símbolo do Paquistão (?) no peito e bolas de energia azuis nas mãos. Boné virado para trás, jaqueta, calças compridas. E caídas.

Shangai Katsui. Um elfo (?) de barbicha. Cabelos longos e brancos. Calças azuis de armadura. E uma lança na mão.

Devilot GrimReaper. Minha preferida. Cabelos de fogo azul. Rosto sem nariz, sem boca, olhos negros, um terceiro olho, o Ankh egípcio no peito, luvas cibernéticas, uma chama numa mão e na outra a mesma arma que Butch Coolidge usou para matar Vincent Vega em Pulp Fiction. Barriguinha de fora, botas cibernéticas. Pele é de leopardo: laranja, com listras.

Sorcerus. Rosto azul, olhos amarelos, cara de mau, capa cinza, capuz cinza, botas cinza e eletricidade (cinza) saindo das mãos.

John Jones. Armas cibernéticas na mão e rollerblades nos pés. Cara de bom-garoto e uma gravata.

Samantha McDeath. Um chicote, uma arma cibernética (a mesma de John). Olhos brancos e lábios fartos. Colete, luvas, saia curta, botas, cabelo cacheado e azul. E pele cinza.

Prova de História (ii)

Ainda na mesma prova, outro item da famigerada segunda questão.

Porque os EUA jogaram duas bombas atômicas sobre o Japão no final da guerra?

Para demonstrar seu poder e sua superioridade, respondi categórico. Ganhei metade dos escores do item. Que mais falta?

Prova de História (i)

Entre minhas provas velhas, encontro uma de história de 2001. A segunda pergunta, sobre a segunda guerra mundial, me intrigua.

Qual foi o país que mais teve perdas humanas e materiais na Segunda Guerra?

Valendo um escore, dos 25 da prova, respondi Alemanha. E errei. Qual foi, então?

Meu pai.

Não só meu pai lê a coluna do Tostão sindicada no jornal, ele também mantém um arquivo com recortes de colunas anteriores. Pensar que meu pai lê qualquer coisa sempre me surpreende.

Certa feita, me pediu emprestado meu Dom Casmurro. Talvez ele o tivesse lido quando mais novo, ordenado pelo colégio. E agora, mais maduro, com os cabelos já brancos, tentasse encontrar um ponto de convergência entre a sua vida e a minha.

Talvez isso. Talvez ele só quisesse algo para passar o tempo, e o livro fosse curto.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Meu irmão mais novo.

Meu irmão mais novo entra no quarto.

"Mamãe te deu umas camisinhas?"
"Foi."
"Dá pra me arranjar uma?"
"Pra quê?"
"Um esquema aí."
"Vê lá, hein, moleque."

Entrego-a, e ele sai investigando a embalagem.

Nunca foi encontrado.

No twitter, soube de um concurso, bestinha, da Academia Brasileira de Letras: escreva um microconto de 140 caracteres e mande para eles. O ganhador leva um dicionário. Esta foi a minha entrada.

José nunca foi encontrado. Simplesmente foi esmaecendo da memória de todos, menos da de sua mãe, que teve de continuar a vida a contragosto.