terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Os Dragões

Há um ano, começou a chover na pequena cidade de Jur. Como há muito não chovia. Uma manhã ensolarada. À tarde, calmaria. Finalmente, à noite, um temporal. Algumas das frágeis casas não aguentaram.

Junto com o temporal vieram os dragões. Eram dois.

Virou notícia. Cientistas sugeriram uma relação entre o clima e as criaturas. Sempre à noite, sempre em dia de chuva.

Depois de um certo tempo, algumas pessoas começaram a olhar para o alto, observando o voo dos monstros. Elas abriam suas bocas e bebiam da água da chuva. Diversas vezes isso se repetiu. Até que essas pessoas ficaram misteriosamente doentes, com manchas pelo corpo todo. Todas ficaram acamadas, mudas. Ninguém conseguia curá-las. Sentiam-se melhor apenas à noite durante a chuva.

Numa das noites, todas vomitaram grandes ovos negros pela boca. Levantaram-se e caminharam até a praça de Jur, onde depositaram os ovos. Ficaram lá até os dragões descerem de sua dança celestial e gentilmente engolirem os ovos. Depois, eles levantaram voo e, enquanto faziam-no, cantavam numa língua estranha. Quem ouviu, ficou repetindo, até alguém desvendar o código

A mensagem era pequena e simples:

Olá, meus filhos. Há quanto tempo.

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