Minha mãe acredita no engrandecimento pessoal através do trabalho. É espírita, logo vê a vida como mero corredor. Ponto de ônibus na rota da elevação espiritual. É o terço apolíneo da família.
Meu pai passa seus finais de semana ocupados com a pelada de sábado e a cerveja de domingo. Seus feriados são longe de casa. O retorno é regado a ressaca e enfado. Foge do trabalho quando pode. É o terço dionisíaco.
Nenhures é a explosão da bomba, é o tiro do revólver, é onde fico parado, perdido, monofásico, retilíneo, anti-cíclico e unilateral, é o momento que se percebe estar respirando, e assim se estraga sua espontaneidade, é onde sou esmoléu, na esquina, com a mão estendida.
O Olhar Perdido é aquilo que tentarei achar nos espaços em branco por entre os posts; nas mudanças de humor e tom; no temperamento sazonal do eu-lírico; no pequeno momento que existe depois do almoço; nos pores-do-sol cores-de-rosa; no final de um livro. Assim, findei-me por fazer um blog com propósito. Vejemos no que dá.
Ah, que saudade de postar pelo Blogger! E vejam como pontuo as exclamações! Inícios são suficientes em si mesmos e primaveris. Por um momento, o mundo pára em seu eixo. Até que, à esta primavera que trouxe a criação exagerada se sucederá um inverno irredutível e sóbrio, pronto a colocar abaixo o fraco e prescindível na alma criativa.
If in Act I you have a pistol hanging on the wall, then it must fire in the last act.
Sempre senti a falta de uma guia. Não um velho sábio, um old wise man, if you will, mas um Caronte: um ser que carrega almas de uma margem à outra por um rio amaldiçoado. Alguém para conversar. Enumeremos esta como a razão número um de minhas idas ao psicólogo durante os últimos 3 anos.